quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Momento Lispector

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente


O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão."


Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos.
Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.”



Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.


"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?


Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Roda gigante






O seu brinquedo favorito.
Roda gigante.
Pra ela não era apenas um brinquedo era um objeto mágico, permitia a ela ter acesso ao céu, ter leves batidas do vento em seu rosto, ter beijos serenos da noite, permitia a ela voltar a infância, relembrar amores perdidos e futuros prometidos.
Aquele objeto mágico além de várias luzes tinha várias cabines coloridas, o que o deixava sempre mais agradável.
Certa vez olhando pra baixo, observando as pessoas na intenção de encontrar algo avistou o que sempre havia procurado, conseguia vê-lo ali parado sorrindo. Ela o queria seguir, queria agarrá-lo ali mesmo e nunca mais soltar. O tão esperado amor. Foram tantas voltas naquela roda que o primeiro beijo seria de um menino em uma velhinha.
Havia esperado tempo demais na roda gigante, talvez se tivesse ficado com os pés no chão a idade ainda estaria a seu favor.
E mesmo sabendo que o amor da sua vida nunca iria olhá-la com olhos apaixonados decidiu apenas passar ao lado, só pra sentir o perfume, sentir o momento, sentir o que nunca sentira em sua vida toda.
Assim como a roda gigante levou sua vida, levou-a também para mais uma volta e fez o amor de sua vida, aquele por quem ela havia esperado há setenta anos se perdesse no meio da multidão, desaparecendo totalmente de suas vistas.
Ela olhou a bolsa, havia esquecido os óculos.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Os bons morrem jovens

Ela estava machucada por dentro, suas mãos embora brancas como neve, aos seus olhos estavam encharcadas de sangue, alguém havia arrancado seu coração, sem dó nem piedade, arrancou-o sem nenhuma anestesia.

sábado, 17 de abril de 2010

Às vezes, é a verdade que você tenta não enfrentar, ou a verdade que vai mudar sua vida.
Às vezes, é a verdade que está chegando há muito tempo.. ou a verdade que nunca deveria ver a luz do dia.
Algumas verdades podem não ser ouvidas como gostaríamos.
Mas elas permanecem, bem depois de serem ditas.
Mas o tipo de verdade que eu mais agradeço, é aquela que você não percebe, que cai bem no seu colo." ;

                                                                                                                                           gossip girl

quarta-feira, 24 de março de 2010

ALTA ESTRADA

Era somente mais uma garota.
Contava segredos ao seu diário, recebia flores nos sonhos,
Serenatas no computador
Ouvia musicas, tocava o gato
Dançava no banheiro
Corria pela casa
Luisa era diferente
Mesmo que ninguém soubesse, ela se mostrava quando estava só
Sentia anjos ao seu lado todo o momento. Ouvia sussurros pela casa
E mexia os cabelos como se alguém a observasse
Luisa era apenas romântica.
Correndo pelas ruas Luisa beijava bocas, cansada resolveu correr pelas avenidas. Fora beijada nos olhos.
E seus olhos nunca mais foram os mesmos... Eles haviam aprendido a beijar...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Lágrimas e chuva


 A ausência se faz intensa quando na boca só a saudade.
A ânsia de encontrar o que é perdido é perdida pelo som da sua chegada.
As cortinas dançam junto ao vento,
tornando quase invisível
a face que observa o vácuo.
Os olhos lacrimejam a medida que a poeira os segue,
e quase sem vista é possível enxerga-la.
Ela, tão doce e bela que
os olhos não negam a olhar.
Com cheiro de terra e cabelos encharcados
ela lhe prepara um beijo e logo se vai.
Deixando os lábios dele molhados e cheios de desejos.
E ele, mas uma vez fica a esperar a chuva voltar.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A última peça


       Ele passara a vida toda sentado nas cadeiras do grande teatro, via todas as peças, mas nunca atuava, preferia ser platéia! Ele aplaudia, ria, chorava, mas nunca subia ao palco. Ficava ali quieto, assistindo...

       Um dia resolveu atuar. Maquiou-se como um palhaço, vestiu seu melhor terno, passou o seu melhor perfume e subiu ao palco.

       Lá estava só. Desejou por um instante ter a mulher que amava ao seu lado, contemplou a platéia e a viu, com seu glorioso modo de encaracolar os cabelos com as mãos.

       Viu a todos que amava e notou que as luzes do teatro iam ficando cada vez mais fracas, e a imagem das pessoas também se enfraquecia.

       Rapidamente todas as pessoas se foram, e junto delas a luz. Apenas uma permaneceu e sob ela um homem. Um homem perfeitamente feio, um homem com tristeza nos olhos e dor no coração. Perguntou-se quem era aquele homem e não achou respostas. A luz retornou e o cegou.

       Enfim lembrou quem era. Aquele homem o acompanhara por toda sua vida, sempre o pusera pra baixo, sempre o fizera chorar. O seu nome... o seu nome... ele não recordou, mas, lembrou de um sorriso que jamais havia visto.

       Uma lágrima desabou sobre o palco, as cortinas se fecharam e ele adormeceu gentilmente.